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O QUE ACONTECEU COM AS AÇÕES DA NVIDIA

Os resultados da NVIDIA em agosto de 2025 foram impressionantes: US$ 46,7 bilhões em receita trimestral, crescimento anual de 56% e margem bruta não-GAAP de 72,7%. A plataforma Blackwell está sendo adotada em ritmo acelerado, com crescimento sequencial de 17% na receita do Data Center e demanda explosiva por parte de gigantes de tecnologia e governos.

Ainda assim, as ações continuam abaixo dos picos de janeiro. Com zero vendas do chip H20 para a China e tensões geopolíticas persistentes, o mercado permanece cauteloso. A empresa conseguiu redirecionar US$ 650 milhões em chips H20 para fora da China e liberar US$ 180 milhões em inventário reservado, demonstrando agilidade. Investidores agora ponderam uma nova recompra de ações de US$ 60 bilhões frente a uma avaliação de mercado exigente. À medida que a narrativa da IA migra do hype para a infraestrutura sustentável, o futuro da NVIDIA dependerá não apenas da execução, mas também da percepção do mercado, da regulação e do ambiente macroeconômico.

Por que as ações da NVIDIA ainda sofrem pressão


O desempenho da NVIDIA no 2º trimestre do FY26 foi estelar em praticamente todos os aspectos. A receita aumentou 56% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 46,7 bilhões, e o lucro líquido chegou a US$ 26,4 bilhões—um salto de 59% ano a ano. Mesmo assim, as ações ainda não retornaram aos máximos históricos de janeiro de 2025. Desde o pico de US$ 153,13, os papéis caíram mais de 28% até março e só se recuperaram parcialmente. Essa divergência entre fundamentos fortes e desempenho de mercado reflete preocupações sobre demanda futura, riscos geopolíticos e múltiplos esticados.

Lucros fortes, mas confiança limitada


O segmento de Data Center, impulsionado pelos chips Blackwell, gerou US$ 41,1 bilhões em receita—alta de 5% sobre o trimestre anterior e de 56% ano a ano. A margem bruta subiu para 72,7%, sustentada por mix favorável de produtos, poder de precificação e eficiência operacional. No entanto, grandes compradores de IA—como as big techs—parecem estar entrando em uma fase de racionalização de gastos. Analistas já falam em normalização dos orçamentos para IA, após o pico de investimentos observado entre 2023 e 2024.

A China também pesa. A empresa não registrou vendas de chips H20 para clientes chineses no trimestre. Embora tenha redirecionado US$ 650 milhões desse inventário para outros mercados, as sanções dos EUA continuam limitando o potencial de receita futura.

  • Receita do 2º tri FY26: US$ 46,7B (+6% QoQ / +56% YoY)

  • Lucro líquido de US$ 26,4B; EPS sobe 42% para US$ 1,08

  • Margem bruta de 72,7%; guidance de 73,5% para o Q3

  • Vendas de H20 para a China: US$ 0; liberação de US$ 180M em inventário

  • Valuation segue alto, com múltiplo P/E acima de 36x


O sentimento do investidor também influencia. Muitos preferem aguardar sinais mais claros de crescimento sustentável após o ciclo inicial da Blackwell. Apesar de US$ 24,3 bilhões em recompras de ações já realizadas este ano, os gráficos ainda carregam sinais técnicos negativos do “Death Cross” de Q1. O mercado permanece dividido entre euforia com os lucros e cautela com o futuro.

Desafios geopolíticos e reposicionamento estratégico


O crescimento acelerado da NVIDIA no setor de IA também a colocou no centro das disputas geopolíticas. Com o governo dos EUA impondo restrições severas à exportação de chips para a China, a empresa opera em terreno regulatório instável. No segundo trimestre, a receita com H20 na China foi nula. Apesar de conseguir vender o inventário para outro cliente, a questão regulatória continua afetando a perspectiva de longo prazo.

China: o grande impasse


O chip H20 foi projetado especialmente para o mercado chinês e agora está praticamente bloqueado. A NVIDIA conseguiu vender US$ 650 milhões desses chips para fora da China e liberou mais US$ 180 milhões em estoques anteriormente reservados. Contudo, essa solução é temporária. Empresas chinesas como Huawei e Baidu estão desenvolvendo seus próprios aceleradores de IA, o que pode reduzir a dependência da NVIDIA no médio prazo.

Enquanto isso, a empresa avança rapidamente na Europa. Em colaboração com governos e grandes empresas, a NVIDIA está implementando infraestrutura Blackwell em projetos de soberania digital. Países como Alemanha, França e Reino Unido já adotam suas GPUs em supercomputadores nacionais como JUPITER e Isambard.

  • Expansão da infraestrutura de IA na Europa

  • Parcerias com OpenAI, TSMC e Novo Nordisk

  • Autorização de recompra de ações ampliada em US$ 60B

  • US$ 14,7B ainda disponíveis sob programa anterior

  • Reservas de caixa e equivalentes ultrapassam US$ 56B


Apesar da expansão internacional, o cenário macroeconômico continua desafiador. A inflação persistente, os juros elevados e a rotação de capital para setores cíclicos penalizam empresas de crescimento como a NVIDIA. Com um valor de mercado superior a US$ 2,7 trilhões, a companhia precisa manter uma taxa de crescimento acelerada para justificar suas múltiplas expansões. Embora os fundamentos financeiros sejam robustos, o valuation elevado segue sob escrutínio.

Blackwell

A linha Blackwell manterá sua liderança diante do avanço dos chips internos de Amazon, Google e Meta?

Perspectivas, expectativas e sentimento de mercado


Olhando para frente, a NVIDIA apresenta projeções ambiciosas. A empresa espera faturar US$ 54 bilhões no 3º trimestre do FY26, com margens brutas GAAP de 73,3% e não-GAAP de 73,5%. Esses números refletem a continuidade na forte demanda, especialmente no segmento de data centers. Além disso, a empresa avança em setores como saúde, robótica e mobilidade, diversificando sua base de receita.

O caminho à frente: otimismo cauteloso


Mas há incertezas no ar: o investimento global em IA continuará crescendo? A linha Blackwell manterá sua liderança diante do avanço dos chips internos de Amazon, Google e Meta? E as restrições à China vão endurecer? O destino da ação da NVIDIA depende da resposta a essas perguntas.

Jensen Huang, CEO da empresa, declarou: “A Blackwell é a plataforma de IA que o mundo esperava.” Os primeiros benchmarks confirmam isso. A NVIDIA liderou os testes MLPerf e está redefinindo a performance de inferência com tecnologias como NVFP4 e o sistema GB200 NVL72. Além disso, colaborações com OpenAI e Ansys reforçam sua presença em computação científica e corporativa.

  • Despesas operacionais projetadas: US$ 5,9B (GAAP) / US$ 4,2B (não-GAAP)

  • Novo dividendo de US$ 0,01 por ação será pago em 2 de outubro

  • Expansão contínua das plataformas DGX Cloud e Jetson

  • Receita de Gaming cresce 49% YoY; linha de PCs com IA em ascensão

  • Sentimento do mercado oscila entre otimismo e cautela


A narrativa da NVIDIA está mudando. Ela já não é apenas líder em chips de IA; está se tornando a infraestrutura padrão para uma transformação tecnológica global. Mas com grandes expectativas vem grande responsabilidade. Se os resultados dos próximos trimestres superarem as estimativas, o papel poderá voltar a subir com força. Caso contrário, até pequenas decepções poderão causar quedas expressivas. Por ora, cada relatório de lucros, lançamento de produto e manchete geopolítica impacta diretamente a direção do papel.

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